domingo, 27 de julho de 2014

#11

Feliz é a terra


A grande cidade
tem certa doçura
que o campo não tem.

Os dentes de pedra,
com suas ruas esparsas,
abrigam em si
a vitória do homem
sobre a terra.

Edificamos as ruas
e o marrom virou cinza.
A madeira e a folha,
cimento!
E a fome resolve-se
na esquina,
envolta em um papel
cuja história de árvore
interrompemos.

Mas, glorificados,
vivendo como algozes
anônimos,
choramos pela terra.

Fazendas e ranchos
dão vida às compras,
e o homem moderno
mais odeia sua glória.

Pois ainda vive,
no verde e na água,
a saudade petrificada
da paz campestre.

E o pequeno campo
tem certa doçura
que a cidade não tem.

Tem coisas
tão lindas
que vivem sem pilhas.

Tem cheiros
estranhos
com gosto de barro.

Tem no céu estrelas
com rastros de leite,
esparramadas
pelo negro
do espaço.

A terra, o campo e o mato.

Têm a vida
que a cidade
não vende.

Pois não se cria
pelas mãos
do homem.

- Hugo C. S. Lima - 27/07/14

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