quarta-feira, 13 de agosto de 2014

#30

Soberanas


Quando não há espaço
para o pensamento,
reviro-me
e espero pelo momento
em que a palavra viverá.

A palavra não espera:
revira-se em meu peito,
imitando-me, invejando-me,
e logo desfaz-se em tinta.

As linhas se desenrolam
enquanto (des)escrevem.
Vivem dentro de mim,
mas eu mal as conheço.
Não sou eu quem as controla.

Enquanto vivem, reviro-me.
Não as penso e não as sinto.

Fazem seu caminho
mundo afora.
Tornam-se soberanas
de meus sentimentos.

Quando noto,
não estão em meu peito.
Foram-se embora:
não as tenho mais.

Mas as emoções
que delas provém
são eternamente minhas.

- Hugo C. S. Lima - 13/08/14

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