sexta-feira, 22 de agosto de 2014

#39

Sozinho 


Sozinho, na noite,
o silêncio do quarto
faz-me companhia.

Os cantos no alto
são os expectadores
da letargia que me acomete
quando penso
no quão verdadeiramente
breve
é a vida.

O tempo passa,
e com ele vão-se os sonhos
e a motivação de correr atrás
do que sempre se quis viver.

Os ponteiros do relógio,
nessa dança eterna
em torno de um círculo,
são o espelho de algo
que preferiu
não sair do lugar.

Mas eu...
Eu não acredito no tempo.
Não acredito
em suas mentiras.

Lá fora o mundo vive,
e canta,
e dança e chora,
e eu, e nós,
observamos,
enquanto o destino
faz a vida acontecer.

O peso em meu corpo
e as chagas em minha pele
não irão parar
o movimento coordenado
que faz bater meu coração.

Sei que a hora
de viver é agora.
A minha, a sua
e a de todos nós.

Basta levantar-se,
sair
e ser,
independente do tempo
que nos resta.

- Hugo C. S. Lima - 22/08/14

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